Numa manhã de junho de 2008, quando admirava a beleza e os movimentos das águas do Araguaia, formando praias douradas e a floresta bem próxima o velho navegador aproximou-se com sua canoa. Naquele momento eu meditava sobre a grandeza daquela beleza indescritível, deixando de lado o dia a dia da cidade grande, com todos os seus problemas. Era o meu momento. O velho pediu licença para prosear. Concordei. Foram várias horas de conversa, dessas que quem vive no corre-corre seria inconcebível. Telefone chamando, os e-mails a serem escritos ou respondidos com rapidez, ou então os semáforos, as buzinas ou a correria louca em direção a lugar nenhum jamais permitiriam um encontro assim tão descompromissado. Mas havia algo fora do normal naquele ambiente que percebi mais tarde. Aquele encontro não poderia terminar apenas num simples “adeus e boa sorte”. Três meses depois, não mais naquele local, mas na cidade de Xambioá, divisa com o estado do Pará, a mais de 150 quilômetros de distancia do nosso primeiro encontro deu-se inicio ao “Além dos Rios”. O ambiente não poderia ser mais propício. Foi numa pequena ilha conhecida como “Ilha do Meio” que o velho navegador começou a abrir seu coração e a contar a sua vida de peregrino pelos rios brasileiros. Nos dias que se seguiram foram horas de gravação, de depoimentos fora do ar e pesquisa.O resultado desse trabalho está reproduzido nas páginas do “Além dos Rios”.
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